Você é insubstituível?

Não, não é um ensaio teórico sobre o famoso livro do psicoterapeuta Augusto Cury. Ele publicou um interessante livro a respeito das pessoas em que defende que elas são insubstituíveis. Como seres humanos eu concordo. Mas na vida profissional será que existem pessoas ou profissionais insubstituíveis?

Algumas pessoas podem dizer que sim, que algumas pessoas pelos feitos que realizaram são únicas, como Pelé. Mas, o maior líder de todos os tempos disse uma vez que os seus discípulos fariam coisas até maiores do que Ele mesmo. Não que os discípulos fossem mais importantes que seu mestre, mas porque o mestre se preocupou de verdade em desenvolver todo o potencial de seus liderados. As modernas teorias sobre liderança defendem cada vez mais uma descentralização das decisões, a participação e o desenvolvimento das pessoas. Essas novas vertentes refletem o perfil dos novos profissionais. Hoje, as pessoas possuem melhor formação, querem mais autonomia e participação nas decisões. Para que essas expectativas possam ser atendidas é preciso líderes participativos e corajosos o suficiente. 

Cada pessoa é singular, mas as técnicas e ferramentas de trabalho e mesmo seus conhecimentos e até sua autoridade podem e devem ser transferidos a outras pessoas. Isso se chama
 empowerment. Trata-se de uma ferramenta valiosíssima para que as decisões possam ser tomadas com rapidez e a organização possa ter maior grau de agilidade.

Certamente você conhece ou já conheceu aquele tipo de líder ansioso e preocupado em perder sua posição que jura que não pode tirar férias porque seu setor poderia entrar em colapso. Realmente eu fico com pena desse tipo de profissional, sem vida pessoal, estressado e pretensioso que acha que é insubstituível. 

A filosofia de gestão em que eu acredito é aquela em que o gerente prepara as pessoas para substituí-lo. Mas não porque ele seja caridoso ou altruísta ou mesmo um mártir, que sacrifica sua profissão em detrimento de outra pessoa, mas para que o tal possa almejar postos mais elevados. Esse é um problema muito sério em nossas organizações. Grande parte delas não possui planejamento estratégico de recursos humanos, substitutos para postos-chave ou um mísero plano de carreira. Essas falhas de planejamento em gestão de pessoas prejudicam a eficiência da organização e afetam um de seus parâmetros mais importantes de eficácia: a continuidade. Isso mesmo, além de lucratividade, satisfação do cliente e participação de mercado, a continuidade é um objetivo final de todas as organizações. A organização, como se sabe, é uma entidade formada para atingir objetivos e possui personalidade distinta de seus integrantes. Eu não defendo que as pessoas devam ser ignoradas, mas o contrario: que sejam preparadas para que aconteça o que acontecer, a organização possa sempre funcionar sem solução de continuidade.

E se você é um daqueles gerentes ou chefes workaholics e paranóicos que pensa que todos estão atrás de sua posição fique sabendo: todos estão atrás de sua posição mesmo! E a maneira mais rápida de perdê-la é demonstrar seu medo e insegurança e não preparar pessoas para sucedê-lo. Ou seja: não exercendo o papel de um líder de verdade. Parafraseando o personagem Leo Hoffman, do Monge e o Executivo: Autoridade funciona mais ou menos assim: quanto mais se abre mão dela, mais se tem. Pense nisso.

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